“Pastor do Sexo”, Nelson Júnior, criou a campanha após esperar 17 anos por sua atual esposa, Ângela. Ele afirma que sabe o que é aguardar e confiar em Deus.
Por Marcella de Lima e Samuel Asafe
Uma campanha, que apoia os jovens, a esperarem para só se relacionar sexualmente após o casamento, vem crescendo no Brasil. São quase 2,5 milhões de seguidores no Facebook e já passou dos 300 mil no Instagram do Eu Escolhi Esperar (EEE), criado pelo carioca Nelson Júnior, conhecido como Pastor do Sexo. Ele afirma ter vivido essa experiência, pois só foi para a cama com a atual esposa, mãe de seus dois filhos, aos 21 anos, idade em que oficializou a união.
Pr Nelson Júnior, idealizador da campanha Eu Escolhi Esperar. Foto: Samuel Asafe.
Segundo o IBGE, em 2012, foram 341.600 mil divórcios concedidos em primeira instância no Brasil. Já no Ceará, nos últimos dez anos, o número de divorciados aumentou em 100,57%. O objetivo da campanha, é que no futuro este número diminua. Para que isso aconteça, Nelson viaja pelo país ministrando palestras em igrejas, ginásios e em grandes conferências sobre o tema. Na ocasião, ele diz palavras de incentivo e encorajamento como: “a mulher tem que se valorizar mais” ou então, “viva um amor para a vida inteira”.
Pr Nelson Júnior dá dicas para quem quer um relacionamento duradouro.
Apesar de muitos acharem que o EEE, tem como principal foco, convencer as pessoas a mudarem de ideia e dizerem não ao sexo antes do casamento, Nelson garante que o pensamento não é esse. Ele diz: “Não é uma campanha que visa convencer as pessoas a se casarem virgens e condenar as que não são”. O líder ainda afirma que quer dar um suporte aos que são vítimas de preconceito por terem feito esta opção. “A vida é feita de escolhas. Assim como tem as pessoas que escolhem beber e fumar, existem as que optam por não fazer sexo, por mais absurdo que isso possa parecer e elas tem que ser respeitadas. É justamente por causa desse espanto, que nós começamos a campanha nas redes sociais”.
Na antiguidade, o compromisso matrimonial era assumido após o casal desfrutar da primeira relação sexual, pois não existia cartório. No Brasil, no século XIX, como prova da virgindade da filha, o pai da noiva mostrava o lençol sujo de sangue, pois era questão de honra. É usando o argumento histórico, que a campanha, defende o sexo como o marco de um relacionamento a dois e que, ele é a consumação da decisão do dia a dia homem e mulher.
“O sexo prazeroso, mas é somente para o casamento!” Pr Nelson Júnior. Foto: Samuel Asafe.
Nelson Jr não deixa de afirmar que, sexo é algo prazeroso e saudável para o casamento, porém ressalta que não é a base fundamental para um relacionamento a dois ser duradouro. “Eu conheço um monte de casal que transa 5 vezes na semana, mas só consegue ficar 2 anos junto. O sexo é maravilhoso, mas não é a única fonte de prazer em um relacionamento.Olhar para ele como uma forma de segurar casamento é um grande equívoco”.
O Pastor que já foi chamado de louco por muitos, devido à proposta do Eu Escolhi Esperar, acredita que veio para quebrar o tabu social e cristão, pois a sociedade não aceita que o sexo deva ser esperado para o casamento.
Apesar de cada vez mais, os veículos de comunicação abordarem temas sexuais, e na internet ter acesso livre a conteúdos com este tema, muitos pais ainda não falam sobre o assunto com os filhos. Segundo a psicóloga, Mariana Coelho, isso acontece devido a timidez e tanto o pai quanto a mãe, sentem-se avaliados por seus filhos. Além disso ela alerta.“Falar sobre sexo com a família é algo saudável e ajuda a mais tarde não ter algo indesejado, seja uma gravidez surpresa ou alguma doença sexualmente transmissível. Ter esse tipo de conversa é pensar no amanhã e uma forma de se precaver. Não precisa ter vergonha”.
“Sexo fora do casamento não é um problema religioso, vai muito além disto. As consequências de praticá-lo fora do contexto do casamento são drásticas”. Pr Nelson Júnior. Foto: Giovane Nunes.
Márcio Menescal, 30 anos, e Amanda Menescal, 23 anos, estão casados há 5 meses. Os dois não conversavam com os pais sobre o assunto, porém decidiram ser adeptos a campanha e revelam que nos primeiros seis meses de namoro, sentiram bastante dificuldade para manter o relacionamento “santo”. Foram dois anos e meio de namoro e eles não se arrependem de terem vencido os desejos sexuais que sentiram.
Márcio e Amanda Menescal casaram após dois anos de namoro baseado nos princípios ensinados pela campanha EEE. Foto: Arquivo pessoal.
Apesar da maioria da população brasileira ser cristã, pois 30 % é evangélica e 60% é católica, e os princípios do cristianismo ensinarem que o correto é a virgindade, há quem não concorde com isso.
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Álvaro Neto acha importante conhecer o parceira sexualmente antes do casamento. Foto: Arquivo pessoal.
Álvaro Neto, 30, é cristão, porém, não concorda que o sexo deva ser praticado apenas depois do casamento. Seu primeiro relacionamento sexual foi aos 16 anos e ele acredita que isso foi essencial para seu amadurecimento na hora de escolher com quem casar. “Antes de casar, a gente tem que conhecer a pessoa o melhor possível. Existem muitos casos em que os casais se entendem na conversa, mas na cama não, aí vira uma decepção. Casamento é algo sério e difícil de voltar atrás. Não dá pra se divorciar depois que percebe que o sexo não foi bom. Por isso tem que ser feito antes”. Assim como Álvaro, apesar de respeitar, muitos outros jovens discordam do EEE.
A campanha que usa a imagem da mão esquerda com uma aliança no dedo anelar, como marca de identificação, tem tido cada vez mais adeptos. Mesmo com a considerável aceitação, Nelson não deixa de revelar que por muitas vezes pensou em desistir, pois considera algo bastante difícil devido as críticas. No entanto, o pastor afirma que “quando casais me falam que a partir da campanha mudaram a forma de ver o sexo, minhas forças são renovadas e decido perseverar na visão”.
Marcella de Lima 